A longa carreira de Axel no futebol, 20 anos, é recheada de momentos marcantes. O ex-volante deu os primeiros passos no profissional sendo chefiado por Sócrates no Santos, disputou um jogo solitário pela seleção brasileira, encarou a pressão de ser reforço de luxo no São Paulo e sofreu no Morumbi após um erro fatal na final da Copa do Brasil de 2000. O bom estado físico lhe permitiu dar a volta por cima com triunfos particulares contra jovens craques como Robinho e Tevez, e ainda o deixa colhendo frutos até hoje. Por dois anos consecutivos, ele foi eleito o melhor jogador de Showbol do país.
Axel recebeu a reportagem do UOL Esporte em sua casa, em Santos, e lembrou de diversos momentos marcantes da carreira. Com 41 anos, e seis filhos, o ex-volante trabalha atualmente como treinador das categorias de base do Jabaquara, que tem parceria com o Santos para formar atletas, e tem muita experiência para passar.
Axel (direita) posa ao lado do lateral Cafu com o taça da Recopa conquistada em 1994
Revelado pelo Santos, e promovido ao profissional do clube em 89, Axel teve logo de cara a oportunidade de fazer parte do elenco que excursionou ao Chile no fim do ano, e ficou órfão do treinador Marinho Perez, que acertou a transferência para o futebol português em meio a viagem com o alvinegro.
“Tinha dirigente do Santos com a gente no Chile e nos reuniram no hotel para explicar a situação do Marinho. E nos informaram que na viagem o Sócrates seria o nosso chefe, era a ele que tínhamos que obedecer. No hotel, ele podia fazer o que quiser, beber, fumar. Imagina eu, com 19 anos e ainda desconhecido, como ficava? Não tinha o direito de quebrar regras que ele conquistou. Só ficava admirando mesmo”, lembrou Axel.
“Eu chamava ele de doutor, e via outros chamarem de magrão. Era complicado de entrar na cabeça que aquele cara do lado era o Sócrates. Ainda tinha lembranças da minhas peladas de rua, quando ficava dando passe de calcanhar e gritando: ‘Sócrates’. Foram 15 dias de viagem marcantes. E eu só estava nela por ter ganhado isso como luvas antes de assinar meu primeiro contrato como profissional”, complementou.
Daí em diante, o status de Axel no Santos cresceu significantemente. Tanto que em 1992 foi chamado por Carlos Alberto Parreira para integrar a seleção brasileira que se preparava para a Copa do Mundo de 94 nos Estados Unidos. A convocação aconteceu uma única vez, e o amistoso disputado contra a Costa Rica, em Paranavaí, ficou marcado pelos três gols de Raí na vitória por 4 a 2 – Renato Gaúcho fez o outro.
O bom rendimento no Santos ainda despertou a cobiça do São Paulo. O clube havia conquistado os títulos de 92 e 93 da Libertadores, e no projeto montando para o tricampeonato no ano seguinte, Axel veio como reforço de luxo.
“Estava bastante valorizado. O São Paulo teve quer dar o Gilberto, o Dinho e o Macedo, e ainda bastante dinheiro para me contratar. Joguei a final da Libertadores só que infelizmente perdemos nos pênaltis. Tive bons momentos no São Paulo”, disse Axel.
Axel lembra de parceria de 'baladas' com zagueiro Júnior Baiano
Pelo time do Morumbi, Axel também amargou o pior momento da carreira. Foi na segunda passagem pelo clube, em 2000, após retornar de empréstimos para o Sevilla-ESP, Bahia e Atlético-PR, onde recuperou o moral sendo capitão do time campeão da seletiva para a Libertadores, em 99, que a mancha foi feita. O ex-volante foi apontado no clube como o culpado pela perda do título da Copa do Brasil.
Axel entrou nos minutos finais da partida decisiva diante do Cruzeiro, no Mineirão, e errou em recuo de bola para o zagueiro Rogério Pinheiro, que fez falta na entrada da área. O volante, presente na barreira, viu Giovanni cobrar a infração por debaixo dos jogadores do São Paulo, e marcar o gol que levou o placar para 2 a 1 para o time de Minas, aos 46 minutos, e garantiu o título.
“Foi horrível. Só que sofri uma falta antes de tocar a bola para trás, por isso passei errado. Depois desse jogo não dava mesmo para continuar no clube. Já sofria com lesão grave no tornozelo e pensei em parar”, contou.
A aposentadoria parecia ter chegado mesmo pouco depois, em 2002, aos 32 anos. Axel ficou durante todo o ano sem clube, mas realizou uma cirurgia no tornozelo, e resolveu treinar por conta própria. O Santos o acolheu para a realização de exercícios físicos, e o permitiu treinar na base. A persistência ainda o deixou com grandes triunfos na carreira.
“Em 2004 joguei o Brasileiro pelo Paraná e tivemos uma vitória marcante contra o Santos de Robinho, sendo que eu tive que marcá-lo…ainda fui o marcador do Tevez defendendo o Figueirense, em 2005, e eliminamos o Corinthians na Copa do Brasil. Bati bastante nele, não podia dar o mínimo espaço”, relembrou.
A carreira no futebol profissional terminou com uma passagem rápida e frustrante pela Santacruzense em 2008. Nessa época, Axel já dividia o trabalho com performances pelo time do Santos de showbal. Na modalidade, o ex-volante tornou-se “o cara” e em 2008 e 2009 foi o eleito o melhor jogador do país.
“Tenho muita experiência no futebol de salão. Foi assim que comecei a jogar futebol e o showbol é parecido. Agora , por causa do meu trabalho como treinador, tenho participado pouco. Mas o pessoal do time sempre me liga para jogar”, destacou.
Axel soube administrar a carreira e mantém vida de padrão social elevado em Santos. O ex-volante guarda com orgulho os ensinamentos do pai, falecido em 2001.
“Meu pai era operário, comigo são três filhos, mas sempre quis ver um se tornar jogador de futebol. Graças a Deus pude realizar esse sonho que era dele. Esse é a maior emoção que carrego comigo”, finalizou Axel.