A longa carreira de Axel no futebol, 20 anos, é recheada de momentos marcantes. O ex-volante deu os primeiros passos no profissional sendo chefiado por Sócrates no Santos, disputou um jogo solitário pela seleção brasileira, encarou a pressão de ser reforço de luxo no São Paulo e sofreu no Morumbi após um erro fatal na final da Copa do Brasil de 2000. O bom estado físico lhe permitiu dar a volta por cima com triunfos particulares contra jovens craques como Robinho e Tevez, e ainda o deixa colhendo frutos até hoje. Por dois anos consecutivos, ele foi eleito o melhor jogador de Showbol do país.
Axel recebeu a reportagem do UOL Esporte em sua casa, em Santos, e lembrou de diversos momentos marcantes da carreira. Com 41 anos, e seis filhos, o ex-volante trabalha atualmente como treinador das categorias de base do Jabaquara, que tem parceria com o Santos para formar atletas, e tem muita experiência para passar.
Revelado pelo Santos, e promovido ao profissional do clube em 89, Axel teve logo de cara a oportunidade de fazer parte do elenco que excursionou ao Chile no fim do ano, e ficou órfão do treinador Marinho Perez, que acertou a transferência para o futebol português em meio a viagem com o alvinegro.
“Tinha dirigente do Santos com a gente no Chile e nos reuniram no hotel para explicar a situação do Marinho. E nos informaram que na viagem o Sócrates seria o nosso chefe, era a ele que tínhamos que obedecer. No hotel, ele podia fazer o que quiser, beber, fumar. Imagina eu, com 19 anos e ainda desconhecido, como ficava? Não tinha o direito de quebrar regras que ele conquistou. Só ficava admirando mesmo”, lembrou Axel.
“Eu chamava ele de doutor, e via outros chamarem de magrão. Era complicado de entrar na cabeça que aquele cara do lado era o Sócrates. Ainda tinha lembranças da minhas peladas de rua, quando ficava dando passe de calcanhar e gritando: ‘Sócrates’. Foram 15 dias de viagem marcantes. E eu só estava nela por ter ganhado isso como luvas antes de assinar meu primeiro contrato como profissional”, complementou.
Daí em diante, o status de Axel no Santos cresceu significantemente. Tanto que em 1992 foi chamado por Carlos Alberto Parreira para integrar a seleção brasileira que se preparava para a Copa do Mundo de 94 nos Estados Unidos. A convocação aconteceu uma única vez, e o amistoso disputado contra a Costa Rica, em Paranavaí, ficou marcado pelos três gols de Raí na vitória por 4 a 2 – Renato Gaúcho fez o outro.
O bom rendimento no Santos ainda despertou a cobiça do São Paulo. O clube havia conquistado os títulos de 92 e 93 da Libertadores, e no projeto montando para o tricampeonato no ano seguinte, Axel veio como reforço de luxo.
“Estava bastante valorizado. O São Paulo teve quer dar o Gilberto, o Dinho e o Macedo, e ainda bastante dinheiro para me contratar. Joguei a final da Libertadores só que infelizmente perdemos nos pênaltis. Tive bons momentos no São Paulo”, disse Axel.
Pelo time do Morumbi, Axel também amargou o pior momento da carreira. Foi na segunda passagem pelo clube, em 2000, após retornar de empréstimos para o Sevilla-ESP, Bahia e Atlético-PR, onde recuperou o moral sendo capitão do time campeão da seletiva para a Libertadores, em 99, que a mancha foi feita. O ex-volante foi apontado no clube como o culpado pela perda do título da Copa do Brasil.
Axel entrou nos minutos finais da partida decisiva diante do Cruzeiro, no Mineirão, e errou em recuo de bola para o zagueiro Rogério Pinheiro, que fez falta na entrada da área. O volante, presente na barreira, viu Giovanni cobrar a infração por debaixo dos jogadores do São Paulo, e marcar o gol que levou o placar para 2 a 1 para o time de Minas, aos 46 minutos, e garantiu o título.
Axel entrou nos minutos finais da partida decisiva diante do Cruzeiro, no Mineirão, e errou em recuo de bola para o zagueiro Rogério Pinheiro, que fez falta na entrada da área. O volante, presente na barreira, viu Giovanni cobrar a infração por debaixo dos jogadores do São Paulo, e marcar o gol que levou o placar para 2 a 1 para o time de Minas, aos 46 minutos, e garantiu o título.
“Foi horrível. Só que sofri uma falta antes de tocar a bola para trás, por isso passei errado. Depois desse jogo não dava mesmo para continuar no clube. Já sofria com lesão grave no tornozelo e pensei em parar”, contou.
A aposentadoria parecia ter chegado mesmo pouco depois, em 2002, aos 32 anos. Axel ficou durante todo o ano sem clube, mas realizou uma cirurgia no tornozelo, e resolveu treinar por conta própria. O Santos o acolheu para a realização de exercícios físicos, e o permitiu treinar na base. A persistência ainda o deixou com grandes triunfos na carreira.
“Em 2004 joguei o Brasileiro pelo Paraná e tivemos uma vitória marcante contra o Santos de Robinho, sendo que eu tive que marcá-lo…ainda fui o marcador do Tevez defendendo o Figueirense, em 2005, e eliminamos o Corinthians na Copa do Brasil. Bati bastante nele, não podia dar o mínimo espaço”, relembrou.
A carreira no futebol profissional terminou com uma passagem rápida e frustrante pela Santacruzense em 2008. Nessa época, Axel já dividia o trabalho com performances pelo time do Santos de showbal. Na modalidade, o ex-volante tornou-se “o cara” e em 2008 e 2009 foi o eleito o melhor jogador do país.
“Tenho muita experiência no futebol de salão. Foi assim que comecei a jogar futebol e o showbol é parecido. Agora , por causa do meu trabalho como treinador, tenho participado pouco. Mas o pessoal do time sempre me liga para jogar”, destacou.
Axel soube administrar a carreira e mantém vida de padrão social elevado em Santos. O ex-volante guarda com orgulho os ensinamentos do pai, falecido em 2001.
“Meu pai era operário, comigo são três filhos, mas sempre quis ver um se tornar jogador de futebol. Graças a Deus pude realizar esse sonho que era dele. Esse é a maior emoção que carrego comigo”, finalizou Axel.
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